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Entrelinhas Pontilhadas: o que a série italiana nos ensina sobre ansiedade, identidade e escolhas

  • Foto do escritor: Jackson Cividati
    Jackson Cividati
  • 11 de set.
  • 3 min de leitura


A minissérie animada Entrelinhas Pontilhadas (Strappare lungo i bordi), criada por Zerocalcare, é um retrato sensível e sarcástico da vida adulta contemporânea. Em seis episódios curtos (15 a 22 minutos cada), acompanhamos Zero, uma versão fictícia e introspectiva do autor, em uma viagem de trem com seus amigos Sarah e Secco.

Enquanto a jornada acontece, somos guiados por flashbacks que exploram sua infância, juventude e vida adulta — entre amores não correspondidos, procrastinação, inseguranças e dilemas existenciais.

Ao mesmo tempo, a série equilibra humor ácido e drama íntimo, mostrando como as crises de identidade, a precariedade da vida e a sensação de desconexão podem se misturar com esperança, amizade e a busca por sentido.

O caos da mente de Zero: ansiedade e autossabotagem

Zero é um personagem ansioso, frequentemente tomado por pensamentos automáticos e cenários catastróficos. Situações simples tornam-se labirintos mentais de “e se…?”. O resultado é a paralisia: ele evita agir, procrastina e acaba justificando cada não-decisão com desculpas criativas.

Exemplos como o dilema da pizza ou a busca interminável por algo para assistir na Netflix ilustram como a ansiedade cotidiana pode minar pequenas escolhas. Já em situações mais significativas — como interações com Alice, seu amor de infância — Zero opta pela inércia, escolhendo “não fazer” em vez de enfrentar o risco de se frustrar.

Essa postura reflete um padrão comum em pessoas com ansiedade: a evitação. Ela oferece alívio imediato, mas reforça o ciclo da insegurança e da procrastinação.

O tatu: diálogo interno e crítica constante

Um dos elementos mais marcantes da série é o tatu falante, representação da consciência de Zero. Ácido, duro e muitas vezes cruel, ele simboliza o diálogo interno crítico que amplifica inseguranças.

Na psicologia, podemos relacionar essa figura ao Superego freudiano, ou ainda ao mecanismo da autossabotagem: aquela voz interior que nunca está satisfeita e cobra mais, mesmo quando já existe esforço.

As interações entre Zero e o tatu trazem humor, mas também revelam como o excesso de autocrítica pode impedir escolhas, desgastar a autoestima e prender alguém em linhas “pré-traçadas” de comportamento.

Amigos, perspectivas e diferentes formas de lidar com a vida

Os amigos de Zero representam pontos de vista contrastantes:

  • Sarah – visão mais niilista.

  • Secco – postura quase estoica, tranquila diante das dificuldades.

  • Alice – um contraponto mais positivo, embora marcada por suas próprias fragilidades.

Esses personagens ajudam a mostrar como uma mesma experiência pode ser interpretada de formas muito diferentes. As aulas particulares, por exemplo, foram vistas como sobrevivência por Alice, prática profissional por Sarah e tortura sem sentido por Zero.

Essa pluralidade de perspectivas reforça uma lição central: o que vivemos não é definido apenas pelo fato em si, mas pela forma como o interpretamos.

Entrelinhas da vida: expectativas, escolhas e perdas

A relação entre Zero e Alice traduz perfeitamente o título da série: Entrelinhas Pontilhadas. Ambos nutriam sentimentos, mas se esconderam atrás de desculpas, esperas e não-ações. Uma metáfora para vidas guiadas por linhas já traçadas, onde falta coragem de arriscar, rasgar ou reescrever caminhos.

Quando a narrativa avança para a tragédia da morte de Alice, a série entrega seu ponto de virada: um convite a olhar além da autocrítica e perceber que cada pessoa carrega dores invisíveis. O que parecia apenas humor ácido se revela um estudo delicado sobre ansiedade, identidade e fragilidade humana.

Conclusão: rasgar as linhas pontilhadas

Entrelinhas Pontilhadas vai além do entretenimento. Ela nos lembra que:

  • É normal errar.

  • Nem sempre precisamos carregar o peso de tudo sozinhos.

  • O autoconhecimento nasce do confronto com nossa própria crítica interna.

  • Cada um de nós pode escolher se vai seguir as linhas já traçadas ou ter a coragem de criar novas.

Por trás do sarcasmo, a mensagem é clara: a vida não precisa ser perfeita; ela precisa ser vivida.

 
 

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